Muito se fala sobre inovação, criatividade e etc. Aposto e ganho como todos já presenciaram, seja qual for a cultura da corporação, uma situação em que algo deu errado e ao invés de focar na solução, todos acabam (mesmo sem perceber) ou procurando culpado, ou se defendendo da culpa. Costumo dizer que quem trabalha em projetos, tem sempre um pouco de advogado.
Passei na última sexta-feira por uma situação como esta. Na discussão sobre o projeto civil de instalação de um grande equipamento em área industrial, havia uma diferença entre o projeto e o levantamento topográfico (incríveis 5cm em uma área de 30 metros geraram tudo isso). Enfim, começou-se um grande bate-boca, e quando percebi o que estava acontecendo, passei a tentar apaziguar os ânimos e mostrar, por mais clichê que pareça, que não adiantava saber quem era o culpado, mas sim saber qual era a ação a ser tomada.
Calmamente pensando após o ocorrido, me veio a cabeça uma matéria da PM Network, publicada em 2006, de título: “The Blame Game”. De forma resumida ela colocava pontos importantes, que todos nós em cargo de gerência ou liderança sabemos, mas muitas vezes esquecemos.
Muitos gerentes de projeto acreditam na “Gestão pelo Medo” como fator sucesso em um projeto. O que se observa, porém, na prática, é que quanto mais o time de projeto tem medo, mais os erros se propagam. Ninguém levantará a mão e dirá que cometeu um engano, sabendo que haverá atitudes punitivas, ou algo do tipo.
Sei que pode parecer muito irreal (para não dizer surreal), que devemos incentivar as pessoas a mostrar os erros, pois todos sabem que erros são custos adicionais. Mas vamos pensar além do erro, na solução. Não estamos aqui pedindo para ninguém errar de propósito, mas sim para tornar o erro conhecido, assim ganhamos não só em evitar que o erro se propague e tenha impactos significativos ao fim do projeto, como o transformamos em lições aprendidas para outros projetos, ou outras pessoas. Como podemos pedir para as pessoas serem criativas e terem idéias inovadoras se não toleramos os erros?
Por isso, se nós líderes, gerentes ou membro de equipes estamos em busca da melhor solução, de inovações que possam surpreender clientes, otimizar resultados e até mesmo custos à longo prazo, devemos sim incentivar que todos no ambiente tenham idéias, por pior que possam parecer. Em cima disso, usemos ferramentas para transformar a “gestão pelo medo” em “gestão do conhecimento”. Transformemos nosso ambiente em um local de equidade, união, continuidade, iniciativa, abertura e sem culpa.
Afinal, como citado pela matéria (Patrick Andrews), em tradução livre: ”Ninguém obtém sucesso, se tem medo de falhar. Se não cometem enganos, é porque não estão tentando o bastante”.
http://gpnapratica.wordpress.com/2009/09/15/gestao-pelo-medo-sobre-solucao-e-inovacao/