A Contabilidade
deve ser vista como uma ferramenta importante para se manter um controle formal
e padronizado do patrimônio da empresa.
A contabilidade é uma das atividades mais antigas
do mundo. Fala-se que seu uso remonta aos tempos das antigas civilizações,
porém, somente por meio da obra Summa de arithmetica,
geometria, proportioni et proportionalita, Frei Pacioli, em Veneza (1494), a
qual descreve um dos métodos utilizados por mercadores da época para controle
dos negócios, denominado de método das partidas dobradas, é que a contabilidade
começou a ser difundida no mundo por entidades como a Igreja e o Estado
(Crepaldi, 1998, p. 17).
Atualmente, para a maioria das pessoas, a
contabilidade passou a ser definida como uma obrigação legal, auxiliando o
empresário somente na apuração de seus impostos, e não como uma necessidade de
se manter um controle formal e padronizado do patrimônio da empresa.
É notória a intensa utilização das informações
contábeis por parte dos órgãos públicos em função da padronização e
uniformização dos procedimentos adotados pelos contadores, afinal, o Governo
possui total interesse em conhecer as empresas e não existe melhor ferramenta
do que o Balanço Patrimonial, ferramenta na qual está descrita a totalidade dos
ativos, passivos, receitas e despesas da empresa em um determinado período,
considerando ainda que muitas corporações devem apresentar outros
demonstrativos financeiros como complemento das informações contábeis.
Em virtude de tantas obrigações governamentais,
exigências legais e falta de conhecimento, muitos empresários perderam ou não
possuem interesse nas informações contábeis, e acabam por não controlar o
patrimônio da empresa. Soma-se a isso o fato de muitos escritórios contábeis
cometerem o grande erro de oferecer serviços somente com foco nas obrigações
fiscais, deixando de lado a visão gerencial, objetivo primordial para a origem
da contabilidade.
É importante lembrar que a informação contábil para
gestão da empresa não precisa ser engessada pelas leis comerciais, societárias
e fiscais, como, por exemplo, o acompanhamento das projeções de entradas e
saídas de recursos com o fluxo de caixa realizado. A projeção dos recursos é
efetuada com base nos históricos contábeis e em fatos possíveis de realização,
e o fluxo de caixa realizado é preparado com base nos fatos reais já
contabilizados.
Segundo o Sebrae (Serviço de Apoio a Micro e
Pequena Empresa), a falta de planejamento prévio e gestão deficiente dos
negócios estão entre os principais motivos de mortalidade das empresas, ou
seja, a falta de controle dos negócios aliada à falta de informação resultam na
falta de planejamento e gestão deficiente. Como consequência surgem dois
“ingredientes” que podem motivar o empresário a encerrar seu negócio.
Isso explica nas grandes empresas a existência de
departamento contábil ou controladoria, responsável pela geração e lapidação
das informações de uso gerencial, que visam a fornecer fontes precisas aos
gestores das organizações para a tomada de suas decisões, estratégias ou até
mesmo a desistência de uma atividade ou produto.
Porém, sem a escrituração contábil, torna-se
inviável a obtenção dessas informações gerenciais.
Outro aspecto que podemos observar diz respeito aos
usuários do Balanço Contábil ou Demonstrações Contábeis, os quais podem ser
internos ou externos:
- Os usuários internos representam os gestores da
empresa;
- Os usuários externos representam os bancos,
fornecedores, órgãos públicos, cujo benefício pode ser convertido em alguns
casos, como exemplo, obtenção de crédito, captura de investidores, avaliação da
saúde financeira da empresa etc.
Além da necessidade de controlar o patrimônio da
empresa, a contabilidade tornou-se uma obrigação legal atribuída pelo nosso
Código Civil, porém, sua apresentação é dispensada para as empresas tributadas
pelo Simples Nacional e Lucro Presumido somente aos olhos do Fisco. Enfatizando
o assunto, o Fisco dispensa os registros contábeis. No entanto, outras
legislações os obrigam em virtude de ser uma ferramenta de suma importância
para o controle do patrimônio. Portanto, não vejam a contabilidade como
obrigação e sim como ferramenta de gestão.
O Balanço Patrimonial não deve ser descartado pelas
empresas. Pelo contrário, ele deve ser preparado por todas as companhias, pois
somente com essa ferramenta é possível conhecer o patrimônio real da
corporação, além de outras informações de vital importância.
Com isso, é recomendável ao empresário ou gestor da
empresa que converse com seu contador para conhecer como essa ferramenta pode
auxiliá-lo em suas atividades e passe a cobrar de seu contador a apresentação
do Balanço, já que é uma obrigação instituída por força de lei a todas as
empresas. Além do mais, o contador dedicou anos de estudo para poder fornecer
informações que auxiliem os empresários.
Celio Sales Dias é Contador e atua na prestação de serviços em Auditoria
e Consultoria Contábil. celio@diascontabilidade.com.br www.diascontabilidade.com.br
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